O ponto inicial é pensar na nossa constituição biológica. Nós temos um único corpo, com múltiplas funções, é verdade, mas até hoje só conseguimos estar em um único lugar a cada momento. A vida é a soma de momentos, com tudo que eles podem envolver: sentimentos, pensamentos, pessoas, lugares, etc. Eu posso estar no meu ambiente de trabalho, que pode ser minha casa, a rua, a padaria, a empresa, o coworking… Não importa o local, mas sim que a situação de vida que temos está dedicada às tarefas para uma outra pessoa que está, digamos, pagando por aquele tempo da nossa vida. Mas nós já sabemos que trabalho não é apenas isso, estar vinculado ao outro como um processo produtivo e de negócios. Quando realizamos nosso trabalho estamos usando nossa inteligência [mesmo que às vezes não pareça] e desenvolvendo habilidades que só poderiam ser desenvolvidas neste contexto. Esse aprendizado, entretanto, pode ser aplicado em outros momentos, não apenas no contexto laboral, mas num jogo com amigo/as, em uma festa… qualquer outro momento.

Infelizmente (ou felizmente – eu acho), ainda não dá para transformar a vida em vidas e separá-las para que uma seja dedicada 24 horas/dia a aumentar os negócios ou atender ao cliente e a outra  seja 24 horas/dia dedicadas aos ditos prazeres da vida, como viajar, estar com a família ou no cinema por exemplo. Nós temos uma vida, um corpo que registra todas as consequências de cada momento que vivemos. A vida não é um ente isolado, mas uma parte fundamental do coletivo, que atua, pelas nossas escolhas, na definição do que é ou não importante para a nossa sociedade. Pensando assim, fica claro que não se trata de separar a vida em pedaços, mas de entender que nós decidimos como fazer a gestão dos momentos, do tempo.