Por Gislene Feiten Haubrich
Hoje, 12 de março, ocorreu o IBM Ch@ange Experience, com transmissão ao vivo. Com o propósito de apresentar soluções IBM aplicadas por empresas no Brasil, o evento apresentado por Marcelo Taz, foi (e será) fonte de interessantes reflexões sobre mudanças que a utilização de ferramentas digitais vem trazendo à nossa vida em sociedade. Organizado a partir de seis painéis, temas totalmente diversos, mas atravessados pelo uso de tecnologias como o Watson e a Cloud, ditaram o andamento das atividades. Vou selecionar aqui o que achei mais bacana. Mas você poderá ter seu próprio ponto de vista se quiser acompanhar o evento na íntegra clicando aqui.

A terceira edição do IBM Ch@ange Experience foi apresentada por Marcelo Taz.
O primeiro painel que acompanhei foi “Saúde inteligente para melhor cuidado com o cliente”, com Cristiano Barbieri, Head de Estratégia Digital, Inovação e Tecnologia no SulAmérica e Marco Kalil, VP de Global Business Services na IBM. Entre as várias soluções mencionadas por eles, praticamente todas mediadas por aplicativos de celular, está o “médico na tela”. Desde 2018 a parceria entre IBM e SulAmerica visa ampliar e facilitar o atendimento médico por meio de Inteligência Artificial. Esse artigo no blog da IBM traz mais detalhes: https://ibm.co/38FHy7a.
A segunda palestra que acompanhei foi “Educação digital para a sociedade 5.0”, com José Claudio Securato, CEO da Saint Paul e idealizador do LIT, Juliana Nobre, Líder de Cidadania Corporativa da IBM Brasil e Alcely Barroso, Executiva de Programas Globais para Universidades na IBM América Latina. Educação é um tema muito caro a mim, especialmente pensando no enfoque do aprendizado ao longo da vida, desafiador para adultos, em especial. Por isso, será o tópico que será mais extenso no relato. Confesso que essa palestra não me deixou indiferente, mas também ficou longe de ser só crítica ou só apoio. Vou apresentar as ideias gerais e depois desenvolvo um pouco as minhas percepções. A fala iniciou com a necessidade de aprendermos a nos apropriar da tecnologia como um meio e não um fim. Falar de educação no mundo digital, vai muito além de fornecer equipamentos para todos ou impor metodologias de ensino online à professores. Um segundo ponto abordado, implica a necessidade de aproximar a indústria às escolas e universidades, além da mudança de enfoque na formulação de problemas e busca por soluções – aqui, claro, foi o gancho para falar do projeto P-TECH, desenvolvido pela IBM. Saiba mais aqui! O terceiro tópico trata do medo da mudança que implica resistência por parte dos docentes. De acordo com Securato, a transformação do papel do professor é a maior fonte de resistência. Por um lado, pois o professor precisa compartilhar seus saberes com uma plataforma cognitiva (assim que o Watson está sendo enquadrado). Por outro lado, ser facilitador do processo de aprendizagem exige competências distintas do educador, que precisa manter seu aprendizado constante. Ele finalizou a exposição com o case da sua unidade de ensino (Saint Paul).
Bom, sobre a questão de aproximação de diferentes atores sociais (empresas, universidades, escolas, governo) para o desenho mais direto de problemas enfrentados pelo coletivo, não há dúvidas que é um desafio para ser resolvido ontem. A bipartição das responsabilidades há tempos tem contribuído mais para a ausência de responsáveis do que para a construção de soluções efetivas. Entretanto, as falas dos painelistas me deixaram muito preocupada com a perspectiva atribuída à educação, cujo centro está no atendimento de demandas do mercado. Há algum tempo tenho pensado no desencontro entre as ideias: A) as tecnologias estão evoluindo e vão garantir que tenhamos de trabalhar menos e possamos nos dedicar ao que realmente importa; versus: B) toda a nossa formação e modo de pensar deve ser formatada para atender ao que almeja o mercado. E aqui chegamos no ponto de encontro de todos os atores sociais. Quem é esse mercado? Até onde ele pode ser distinto da sociedade? Como fazer esses seres nebulosos entrarem em sinergia? Isso chama minha atenção, especialmente, considerando o desafio assumido por estados-membro das Nações Unidas quanto a agenda 2030, por meio dos 17 objetivos para o desenvolvimento sustentável, em em movimento que migra de uma economia linear para outra, circular.
Bom, eu fiquei refletindo tanto sobre esse painel da educação, que pouco consegui acompanhar do seguinte, encaminhado por pessoas da IBM somente. “Behind the scenes: a tecnologia que faz o mundo acontecer”, com Enio Garbin, Líder de Soluções de Indústria da IBM Brasil, Fatima Cavichioni, Diretora de Serviços de Suporte Técnico da IBM Brasil e Proxxi e Sergio da Motta, Diretor de Delivery para Serviços de Infraestrutura – IBM teve como enfoque as soluções voltadas ao varejo e a Black Friday como grande exemplo de ações inovadoras na análise de dados e qualificação da ação.
O penúltimo painel contou com o case da Gerdau: “Tradição e inovação: a jornada digital da Gerdau”, com Denis Paim, gerente global de Operações de TI – Gerdau, Gustavo França, CDO e CIO – Gerdau e Luis Marcelo, diretor de vendas de Serviços de Tecnologia – IBM. O que achei mais bacana nessa intervenção foram os termos usados pela empresa para representar os movimentos de mudança cultural almejados por uma empresa centenária: squad, time, tribo, modelo ágil foram alguns dos termos usados para falar da horizontalização de processos que ocorre na empresa. Outro aspecto interessante da fala foi o destaque à transparência num processo de mudança estrutural. A adoção de tecnologias mais inteligente e a evolução dos cargos em função disso foi destacada como desafio, que está sendo superado com a inclusão e participação dos funcionários do chamado “chão de fábrica” da empresa. Se isso é fato, só quem vivencia aquela realidade poderá dizer.
O último painel: “A tecnologia revolucionando a performance esportiva”, com Bruno Tavares Rodrigues, sócio-fundador da Hero Sports, Leonardo Ferraz, autor e idealizador do reality show de futebol ‘Uma vida um sonho’ e Frank Koja, VP de Serviços de Tecnologia – IBM, tratou da gestão da informação para incrementar resultados ao esporte e aos esportistas. Na onda, divulgou-se o próximo reality show de uma emissora de TV brasileira.
De modo geral, o evento foi bem bacana e valeu a pena acompanha-lo. Claro, sempre é bom ponderar alguns aspectos e produzir nossa interpretação em relação ao que se vê. Só assim podemos usar, de fato, os dados a favor da humanidade e do processo democrático. De outro modo, uma ditadura jamais vista vai se instaurar por aí!