Por Gislene Feiten Haubrich

Hoje, 27 de maio, ocorreu a edição 2020 do Simpósio Coworking, promovido e organizado pela Universidade Economia de Praga. O evento online e gratuito teve como propósito de realizar o encontro entre hosts, entusiastas, coworkers, pesquisadores e demais interessados pela evolução da indústria do Coworking. Uma das características mais interessantes é a presença de perspectivas desenvolvidas na República Tcheca, Hungria, Polônia, Eslováquia e Noruega, que tem se tornado cada vez mais atores relevantes nas discussões relativas ao Coworking.
O evento também contou com a fala de Alex Hilmann, do Indy Hall (Filadelfia, EUA), um dos mais engajados na divulgação do coworking e na importância de distinguir e desenvolver espaços locais e regionais, para além do modelo corporativo. Outro fato interessante, foi a divulgação da plataforma Coworking Library, uma iniciativa alemã que congrega o maior volume de publicações relacionadas ao tema no mundo.
A primeira parte do evento, chamada de Módulo Industrial, apresentou tendências em desenvolvimento para a indústria do coworking. Já a segunda, chamada Módulo Investigativo, contou com perspectivas acadêmicas em relação ao campo de pesquisa em coworking. Foram cinco horas intensas de discussões. Como é improvável trazer tudo por aqui, vamos selecionar algumas das ideias que consideramos centrais.
Alex Hillman iniciou o evento destacando as múltiplas possibilidades de protagonismo para que coworkings participem da reformulação da economia no cenário da pandemia do Covid-19. Nesse sentido, ele destacou a importância de os espaços desenvolverem sua estratégia para que os coworkers, especialmente empreendedores e pequenas empresas, possam se movimentar. O que isso quer dizer: promover o empreendedorismo para que sempre haja renovação entre os membros do espaço. Se uma pequena empresa cresce e sai do coworking, isso é importante para o ecossistema local e, por isso, precisa ser desenvolvido. Nesse sentido, a relevância está em desenvolver iniciativas para fomentar a criação de novos negócios para que eles possam amadurecer em coworking. Esse amadurecimento passaria pela aprendizagem do conceito de comunidade baseada na confiança e o coworking seria o principal influente nesse movimento. Isso exige uma ressignificação em relação à equiparação entre coworking e escritório compartilhado, pois o enfoque seria o movimento e não a fixidez, de nutrir habilidades fundamentais para que esses coworkers possam ser agentes de mudança socioeconômica e não clientes vitalícios. Em relação aos freelancers, a sustentação promovida pelo coworking seria tornar visível o trabalho deles, apoiando na divulgação desses trabalhadores. Por fim, Hillman destacou a relevância do staff entender com quem está tendo contato, reconhecer coworkers e garantir que eles tenham uma experiência transformadora. Ele acredita (e nós também) que a possibilidade de escolha – lembram dos valores do Movimento Coworking? Clique aqui e veja no nosso Instagram – deve ser utilizada como fortaleza e, desse modo, precisa-se desenvolver e divulgar, comunicar esses diferenciais que fazem do coworking um importante agente no ecossistema laboral.
Outro interessante tópico foi abordado a partir da experiência tcheca em relação ao Freelancing. Robert Vlach, que é consultor de negócios e autor de The Freelancing Way destaca que para entender a realidade de freelancers, primeiramente deve-se considerar aqueles que são profissionais independentes 100% do seu tempo daqueles que fazem freelancing para complementar alguma renda que já recebam. Ele focou, então, em apresentar dicas para que as pessoas em coworking possam dar suporte aos freelancers:
- Ser específico em relação aos benefícios que o espaço oferece. E aqui não se consideram apenas as facilidades fornecidas, mas elementos culturais que expressem como funciona a vida naquele espaço;
- Avaliar a possibilidade de ofertar uma tabela de preços diferenciada para aqueles freelancers que querem realizar cursos no espaço. Segundo Vlach, o movimento gerado por participantes pode contribuir para ampliar o ingresso de coworkers no espaço;
- Elaborar abordagens particulares: isso vale para cada coworker. Embora a busca seja construir um espírito de comunidade, cada indivíduo chega ao espaço com uma bagagem e a incursão aos valores e à cultura do espaço demandam uma abordagem educativa;
- Providenciar, se possível, um espaço para que os freelancers possam gravar vídeos e podcasts;
- Ofertar mentoria de freelancers experientes para aqueles que estão começando nesta carreira;
- Possibilitar que crianças e família também vivenciem o espaço.
Um último ponto que penso ser bacana trazer por aqui, é a apresentação de Pauline Roussel, que é CEO e co-founder da rede COWORKIES e realizou uma pesquisa durante quatro anos, visitando mais de 400 coworkings em 47 diferentes cidades ao redor do mundo. Nesse sentido, ela apresenta 5 descobertas decorrentes dessa experiência:
- Existe um ponto comum entre os coworkings ao redor do mundo?
A única característica compartilhada é ser único! Cada espaço realiza uma tradução específica do conceito de coworking, com diferenças sustentadas pelo fato de ser um negócio feito para pessoas, do prédio selecionado, o que acaba por imprimir uma certa vibe ao local e, por fim, a comunidade.
- Coworking não é apenas um espaço, é uma atividade!
Isso se refere à visão de mundo construída por aquela comunidade, o que Roussel chamou de DNA. A questão aqui é desvendar o que faz as pessoas se encontrarem, seria apenas o espaço?
E aqui cabe a observação de um outro estudo apresentado por Dora Horvath e a experiência, além das paredes, em Budapeste. De acordo com a narrativa de Horvath, com a chegada do corona vírus, os membros da comunidade buscaram compartilhar online as experiências que apreciavam viver em um espaço diferente. A comunidade realizou refeições e outras atividades juntos por meio de ferramentas como o Zoom.
- Qual é o melhor modelo de coworking?
Essa pergunta não tem resposta! O que seria melhor? Trata-se de algo sustentado pelo que as pessoas querem e buscam. Então, melhor é escolher uma abordagem, estruturá-la, vivenciá-la e divulgá-la. Quem se associar a ela certamente acreditará que é o melhor modelo.
- Pense e analise a experiência em coworking.
Como é o processo de boas vindas dos coworkers? Como ele é estimulado a estabelecer conexões e interagir? Quais são as facilidades ofertadas pelo espaço? Pensar na jornada do coworker é a melhor estratégia para construir ações que sustentam a experiência.
- DIVERSIDADE
Sim, apesar de definirmos que freelancers, empreendedores e profissionais de tecnologia tendem a preferir estar em coworking, Pauline destaca que as visitas realizadas mostraram que há inúmeras caras que compõem o coworking e que apesar do desafio associado à diversidade, esse é um dos segredos para que o coworking tenha sucesso.
E aí, gostou dessa síntese? Em breve o evento deve estar disponível online e tão logo isso aconteça, nós vamos divulgar o link por aqui!
Até breve!
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