Por Gislene Feiten Haubrich

Diariamente, a pressão por melhores salários, mais possibilidades de consumo e reconhecimento social impulsiona a adesão a ofertas de emprego por vezes degradantes. O volume de tarefas, a carga horária ou a estrutura organizacional abusiva vai nos levando ao desgaste, embora tudo pareça normal. Afinal, quem é plenamente motivado ao trabalho 24 horas por dia, 7 dias por semana? Vida vai além de trabalho, não é mesmo?
O post de hoje vem comentar a decisão divulgada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) acerca da visibilidade da Síndrome de Burnout no quadro de doenças – Classificação Internacional de Doenças (CID-11) que entrará em vigor em 2022. Na última classificação, de 2000, o esgotamento era depreendido a partir de problemas relacionados com dificuldades no controle da vida.
Mas o que é burnout?
Diferentemente do Stress que está relacionado às mais diversas dimensões da vida humana, a Síndrome de Burnout decorre da exaustão decorrente dos excessos do trabalho. De acordo com informativo divulgado pelo Hospital Albert Einsten, “o termo Burnout é utilizado quando o motivo primário do esgotamento está correlacionado com a atividade/ambiente profissional”.

De acordo com Pedro R. Gil-Monte, professor de Psicologia Social da Universidade de Valência e especialista no transtorno, em entrevista ao portal El País, “o mais comum é o perfil de afetados que respondem com indiferença ao trabalho, como um meio de se protegerem contra o esgotamento emocional. No entanto, observa, “alguns desenvolvem um sentimento de culpa que os leva a se envolver mais no trabalho, é um círculo sem solução. São os que acabam sendo mais afetados pelo problema”.
De acordo com o manual da OMS, o diagnóstico de Síndrome de Burnout contempla os seguintes sintomas, todos eles vinculados ao contexto laboral:
- sentir-se sem energia ou desmotivado;
- distanciar-se mentalmente do emprego;
- sentimentos negativos em relação ao trabalho;
- eficiência reduzida;
- ansiedade;
- alterações de humor.
O termo “burnout”, em português, “queimar completamente”, foi criado pelo psicanalista alemão Herbert Freudenberger (1926-1999) em 1974. Nessa época, ele trabalhava 12 horas por dia e, à noite, chegava a atender até dez usuários de drogas por hora numa clínica para dependentes químicos. Vítima de esgotamento físico e mental, caiu de cama.
De acordo com a Dra. Marilda E. Novaes Lipp, do Instituto de Psicologia e Controle do Stress, “burnout como uma síndrome psicossocial surgida como uma resposta crônica aos estressores interpessoais ocorridos na situação de trabalho”. Trata-se, então, de “uma reação de stress emocional crônica e disfuncional causada pela necessidade de lidar excessivamente com pessoas, que ocorre quando não se tem no repertório estratégias de enfrentamento adequadas”.
Os dados são alarmantes. De acordo com uma pesquisa do International Stress Management Association (Isma), 30% dos trabalhadores brasileiros sofrem da síndrome. O Brasil é o segundo colocado no ranking ficando atrás apenas do Japão, onde 70% da população é acometida.

Como prevenir a Síndrome de Burnout?
Buscamos algumas dicas junto ao Ministério da Saúde (Brasil) para prevenção da doença:
Defina pequenos objetivos na vida profissional e pessoal.
Participe de atividades de lazer com amigos e familiares.
Faça atividades que “fujam” à rotina diária, como passear, comer em restaurante ou ir ao cinema.
Evite o contato com pessoas “negativas”, especialmente aquelas que reclamam do trabalho ou dos outros.
Converse com alguém de confiança sobre o que se está sentindo.
Faça atividades físicas regulares. Pode ser academia, caminhada, corrida, bicicleta, remo, natação etc.
Evite consumo de bebidas alcoólicas, tabaco ou outras drogas, porque só vai piorar a confusão mental.
Não se automedique nem tome remédios sem prescrição médica.
Imagem: Pixabay