Coffee and Work

Desde 2005, 09 de agosto passou a ter um significado diferente! Passamos a celebrar o Coworking Day! Um dia dedicado a refletir e divulgar o conceito de Coworking. Você já conhece essa proposta? Tem curiosidade? Será que é a melhor opção para você? Se essas perguntas passam pela sua mente, fique conosco que vamos desbravar um pouquinho desse universo por aqui!

O que é coworking?

Para dar conta dessa pergunta, vamos dividir a resposta em 3 partes!

Parte 1 – de onde veio o coworking

Existem várias hipóteses para o surgimento dessa proposta de realização do trabalho. Entretanto, a versão oficial registra que o engenheiro americano Brad Neuberg foi o criador do conceito. Conforme afirma em blog:

Naquele momento, eu estava confuso, pois eu tive ambas as possibilidades: trabalhar no meu próprio negócio e trabalhar para outras organizações, mas eu estava infeliz, pois eu não percebia uma maneira de combinar todas as coisas que eu queria ao mesmo tempo: a liberdade e a independência de trabalhar para mim mesmo aliada ao estar com os outros, em uma estrutura compartilhada e em comunidade”.

Foi, então, em 2005, que ele criou o Spiral Muse, em São Francisco (Califórnia/EUA). Aqui, você pode acessar o post de lançamento.

Parte 2 – Três ondas…

Os pesquisadores Alessandro Gandini (Universidade Milão) e Alberto Cossu (University of Leicester) publicaram, em 2019, um artigo, no qual eles esclarecem que nós podemos estar ingressando na terceira onda do Coworking.

Na investigação realizada por eles:

– A primeira onda, refere-se a fase da vanguarda, cujo enfoque está no valor social do coworking, esquecendo da reflexão de sustentabilidade do espaço ao longo do tempo. Nesse primeiro momento, o foco estava nas comunidades e na necessidade de ambientes propícios para a produção de conhecimento e desenvolvimento dos trabalhadores criativos. Podemos dizer que essa fase da euforia, quando o conceito surgiu e tudo pareceu muito legal, mas muita gente acabou entrando na onda sem conhecer o mar.

– Os eventos da segunda fase, chamada “neo-corporate”, que vemos em larga escala e que culminaram por ressignificar o conceito inicialmente proposto, tem ênfase no valor econômico e toda a abordagem está numa formatação orientada à inovação.

– Para chegarmos a terceira onda, que implica a busca pelo equilíbrio econômico e o impacto social, os chamados Coworkings Resilientes visam uma aproximação mais intensa com o desenvolvimento local da comunidade onde o espaço está inserido. Trata-se de uma visão de comunidade ampliada, quando se reconhece quais são os impactos que a presença deste tipo de arranjo organizacional pode trazer econômica e socialmente.

Em suma: trata-se de um conceito tripolar, sustentado pelo ambiente que agrega pessoas, cuja atividade colaborativa implica num movimento que visa repensar o trabalho e seus modos de realização.

 

Parte 3 – o que nós defendemos

Na pesquisa de doutorado que realizei (2015-2019), procurei encontrar uma definição de coworking baseada em uma visão comunicativa deste tipo de organização. O que defendo, então…

coworking enquanto arranjo organizacional constituído por práticas comunicacionais vinculadas à atividade laboral de indivíduos engajados ao propósito de trabalhar de modo colaborativo para a produção de saberes.

O que precisamos esclarecer:

  • Arranjo organizacional – uma organização em movimento, cuja base está menos em suas estruturas e que tem na fluidez sua principal ancoragem. Entretanto, isso demanda um amadurecimento para compreender e lidar com esse tipo de organização a fim de fazê-la florescer;
  • Constituído por Práticas Comunicacionais – incluímos aqui todas as formas de interação, daquelas mais estruturadas (institucionais) àquelas imprevisíveis, do dia a dia, que fundamentam a vivência em atividade
  • Atividade laboral – trabalho para além da dimensão econômica, mas que implica a formação da visão de mundo do indivíduo, que define e amplia os valores que sustentam cada decisão tomada.
  • Engajar – abrir-se ao outro, às propostas, aos valores.
  • Trabalhar de modo colaborativo – ir além das rotinas e procedimentos de trabalho, além do networking, mas efetivamente, aproximar-se das pessoas, dispondo a conhecê-las, a compartilhar valores e momentos.
  • Produzir saberes – tácitos e estruturados, meios de viabilizar negócios, práticas, qualidade de vida, enfim: conhecimento qualificado por relações honestas que visam o crescimento da comunidade (dentro e fora da empresa).

 

Você tem curiosidade?

Desde que o Coworking Day foi criado, os gestores e coworkers têm realizado esforços para divulgar a proposta e o modo como eles traduzem esse conceito amplo e global à sua realidade local. Visitar espaços, participar de eventos, fazer testes… muitas possibilidades que não poderão ser exploradas da mesma maneira, tendo em vista a situação de saúde pública que enfrentamos.

Quais são as alternativas, então? Usar os diferentes canais Web. Por exemplo, o portal Coworking.com, um dos especializados em coworking no mundo, lançou o desafio à managers, coworkers e pesquisadores do mundo inteiro, para que gravassem um vídeo de 30 segundos respondendo uma das questões propostas. O resultado é uma série de vídeos que você pode conferir em breve!

No Brasil, o portal CoworkingBrasil.org traz novidades sobre a proposta nos diversos cantos do país, inclusive, há vários posts sobre os impactos da pandemia ao mercado no Brasil. O site Coworker.com também tem uma série de informações interessantes para quem quer conhecer a proposta! (em inglês)

 

Será que é a melhor opção para você?

Assim como o homeoffice, diversas dúvidas vêm a mente sobre a escolha do melhor ambiente para a realização do trabalho, quando este pode ser completa ou parcialmente remota. O melhor modo de saber se o coworking é uma boa alternativa para você é analisar como você gosta de estar em contato com outras pessoas. Se você prefere ficar mais na sua, talvez não seja a melhor opção, pois a proposta é encontrar momentos de interação. Mas aqui é importante lembrar: não é porque o espaço é compartilhado que ele precisa ser barulhento ou incômodo. Isso está também relacionado à sua disponibilidade em aprender a interagir. Nem todo lugar é adequado para conversar. Por isso, avalie questões arquitetônicas do espaço. Se eu pudesse te dar uma dica: procure um local com uma cozinha grande. Este é um espaço mágico, onde muitas aproximações acontecem e muito aprendizado se dá. Também vá além do estereótipo: ter contatos que podem ser úteis em algum momento para você não é exatamente o tipo de mentalidade que se deve esperar do coworking. Afinal, isso é padrão, a prática fundamental das relações produtivas. Procure ir além. Conheça as pessoas, aprenda com elas, abra-se a elas. Eu acredito que essa seja a principal e mais difícil barreira a quebrar em coworking. Sabe por quê? Porque ela fala da construção de vínculos de confiança.

Enfim, se você quer saber mais sobre alguns números da indústria do Coworking, acesse o portal Coworking Insights. Lá foi divulgada uma pesquisa recente sobre o que se espera para os próximos tempos. Nós também divulgamos um vídeo em nosso perfil no Instagram.

Uma boa reflexão para você!

Gislene Feiten Haubrich é Doutora e Mestre em Processos e Manifestações Culturais. Dedica suas investigações aos estudos comunicacionais no contexto das organizações sob os enfoques da Ergologia, das teorias Bakhtiniana e Discursiva. Fale com: gislene@coffeeandwork.net