
Empreender vai muito além de criar um negócio! Empreender é trabalhar! É construir a identidade e transformar a própria realidade. Desenvolver habilidades empreendedoras está ao alcance de todos e, com maior ou menor visibilidade, pode contribuir com o desenvolvimento de qualquer profissão! Quer saber como você pode acordar aquele espírito empreendedor que está adormecido? Venha conosco!
Nas próximas três semanas vamos desenvolver as ideias apresentadas pelo empreendedor canadense Satish Kanwar, em sua palestra no TedX Toronto, em 2017. Na ocasião, ele contou sua experiência empreendedora e como ela foi definitiva na construção da sua identidade. Como muitos de nós, Satish foi incentivado a seguir aquela trajetória linear dentro de uma grande corporação, galgando posições até chegar aos cargos de alto escalão. Mas o fato é: isso não é para todo mundo, pelo simples fato de que essa previsibilidade não é almejada por todos. Entretanto, o que pudemos notar nestas duas primeiras décadas do século XXI é que nosso salto tecnológico não admite mais o estilo corporativo que se fortaleceu durante o século passado. Os produtos e serviços são diferentes e nós não buscamos mais as mesmas experiências.
Nesse sentido, empreender é uma alternativa interessante, especialmente se pensarmos o empreendedorismo como uma atividade de trabalho que realizamos do zero, olhando para a realidade, identificando problemas e propondo soluções. Visto assim, trata-se de uma inversão da forma de experimentar as prescrições da atividade. A forma como as normas se materializam em nosso meio são distintas; enquanto nas corporações, especialmente aquelas com hierarquias verticalizadas (e aqui, importa ter atenção: a verticalização pode ser uma norma cultural, ainda que o organograma – a norma escrita – pareça horizontal), as tarefas são determinadas e repassadas entre as pessoas, no empreendedorismo, nós assumimos uma posição distinta, pois nós reconhecemos o que se mostra como um problema em busca de solução mediante a interpretação das normas que orbitam no meio.
Essa mentalidade baseada numa verticalização, na necessidade de ordens expressas, está em todos os espaços. Muitas famílias ainda organizam sua vida com base na autoridade e na ausência de diálogo, enquanto o sistema educacional frequentemente sabotado, negligencia a possibilidade de muitos de nós aprendermos a equalizar nossa relação com as normas do coletivo e os nossos modos de ação. Na sua maioria, as escolhas midiáticas também incluem determinados parâmetros para orientar a construção de uma conduta padronizada. Nesse entorno todo, aquele comportamento empreendedor ancestral, vindo lá do homo erectus, como conta Kanwar, se perde. Sim, nossos ancestrais eram empreendedores por necessidade. Conforme as tribos se organizaram e evoluíram, necessidades foram sendo reconhecidas e assim chegamos até os dias de hoje.
Por essa razão, acredita-se que todos nós tenhamos esse espírito empreendedor e possamos investi-lo nos diferentes espaços que ocupamos, para além de criar negócios. Novamente, importa ter em mente a atividade empreendedora: olhar para o contexto, identificar o que pode ser diferente e construir uma proposta para isso. Nesse sentido, Satish propõe 3 dias para que possamos despertar essa característica empreendedora.
A primeira dica será desenvolvida hoje. E ela é: diga sim!
Calma! Eu imagino que você deve estar se perguntando: “mas como assim? Dizer sim! Estou aprendendo a dizer não.” Pois bem, a relação entre dizer sim e dizer não é exatamente o ponto aqui.
Quando alguém nos pede alguma coisa e nós dizemos “sim”, nós estamos nos abrindo e nos colocando a disposição de algo novo, algo que provavelmente não faríamos sem esse convite. A questão aqui é ir além do medo de arriscar, dando o seu melhor para esse sim que se concedeu. É por isso que destacamos a importância de avaliar e considerar quais são as potenciais consequências do sim. Mas, quanto mais aceitarmos desafios, nos organizarmos e atendermos a eles, mais tendemos a nos desenvolver por meio do aprendizado de habilidades distintas.
Assim, pense: da próxima vez que alguém convidar você para apoiar algum projeto ou ideia, pergunte-se: o que eu vou aprender com isso? Como eu posso contribuir com o desenvolvimento dessa proposta? Até que ponto estou aberto/a a conceder meu tempo e meus saberes? Com essas respostas na ponta da língua, aceite, diga sim ao convite e siga nesse percurso de atividade. Encontre-se, avalie-se e conheça-se! Certamente, as suas empreitadas futuras terão outros resultados e você perceberá a sua participação no mundo de maneira diferente, muito mais empreendedora!
Nos vemos na semana que vem para a segunda dica!

Gislene Feiten Haubrich é Doutora e Mestre em Processos e Manifestações Culturais. Dedica suas investigações aos estudos comunicacionais no contexto das organizações sob os enfoques da Ergologia, das teorias Bakhtiniana e Discursiva. Fale com: gislene@coffeeandwork.net.