
No dia 31 de março, o Fórum Econômico Mundial divulgou o seu relatório anual “GGG – Global Gender Gap” ou “Lacunas de Gênero Global”.
O relatório na íntegra – em inglês – você pode acessar por aqui. Para construir o relatório, o Fórum mantém a metodologia de análise desde a primeira edição, em 2006. A proposta de criar um índice tem como objetivo permitir que cada país faça um benchmarking, analisando quais elementos precisam ser desenvolvidos para que as lacunas entre gêneros sejam eliminadas.
Quatro são os tópicos de análise que compõem o índice: oportunidades econômicas, nível de educação formal, saúde e participação política. A inclusão/ exclusão de países no estudo decorre do critério de disponibilidade de dados atualizados em pelo menos 12 dos 14 indicadores que completam o índice.
Nesta edição, 156 países foram incluídos no estudo. Se você quiser um panorama sobre os resultados globais do relatório, corre lá no nosso Instagram que teremos um vídeo no IGTV com essas informações. Como vocês sabem, eu, Gislene, estou morando em Portugal e desde que cheguei aqui venho acompanhando os dados do país. Mas, eu sou brasileira, com muito orgulho, diga-se de passagem. Por isso, aqui, vamos apresentar uma síntese dos resultados dos dois países, não com o intuito de comparar – embora, é claro, a comparação vem, para o bem e para o mal – mas com o propósito de ver as duas realidades que permeiam a minha vida.
- Sobre a posição no ranking
No que se refere ao Brasil, o relatório de 2021 do Fórum Econômico Mundial confere a posição 93, sendo o gap já fechado referente a 69,5% dos critérios avaliação. Na primeira edição do relatório, em 2006, o Brasil ocupava a posição 67, com 65.4%. Isso quer dizer que o país avançou, sim na resolução da lacuna referente à gênero, mas ficou muito aquém de outros países, que tiveram avanços mais significativos e galgaram mais posições, como é o caso dos Emirados Árabes, que subiu 48 posições em relação à 2020, ocupando em 2021 a posição 72. Além disso, países como Timor Leste (64ª posição), Bahamas (58ª posição) e Moçambique (32ª posição), por exemplo, não faziam parte daquela primeira versão e atualmente estão bem a frente do Brasil no que se refere aos quatro critérios considerados pelo Fórum. Portugal ocupa a posição 22 no ranking mundial, com uma resolução 77,5% da lacuna relativa à equidade de gênero. No primeiro ano do relatório, 2006, Portugal ocupava a posição global 33, com uma pontuação de 69,2% de fechamento da lacuna.
- Sobre a população
A população brasileira é composta por 107.32 milhões de mulheres e 103.73 milhões de homens, totalizando 211.5 milhões de pessoas. O percentual de crescimento populacional é 0.75%, sendo de 0.79% mulheres e 0.72 homens. Já Portugal tem uma população de 10.23 milhões de pessoas, sendo 5.39 milhões de mulheres e 4.84 milhões de homens. As taxas de crescimento populacional são negativas, quer dizer, morrem mais pessoas do que nascem.
- Acerca da participação no mercado de trabalho
2.49 milhões de mulheres e 2.50 milhões de homens fazem parte da força de trabalho em Portugal, sendo que a taxa de desemprego é de 7.33% entre as mulheres e 6.08% entre homens. No Brasil, 46.10 milhões de mulheres e 55.42 milhões de homens compõem a força de trabalho. As taxas de desemprego brasileiras giram nos 14.10% entre mulheres e 10.44% entre os homens.
De acordo com os dados da OCDE considerados no relatório do Fórum, o gap de remuneração entre homens e mulheres em Portugal é de 9.59%. Não há dados referentes à disparidade de pagamentos neste campo do relatório brasileiro.
O volume de mulheres ocupando posições de liderança, cujo índice varia entre 1-7 (sendo 7 o melhor) é de 4.43 em Portugal e de 3.70 no Brasil.
- Acerca da educação formal
As áreas com mais participação das mulheres em Portugal são: Saúde e bem-estar (23.41%), Negócios, gestão e direito (20.11%) STEMs (18,97%)
Já os homens… STEMs (43.02%), Engenharia (33.62%), Negócios, gestão e direito (18.33%)
No Brasil, as áreas principais de formação das mulheres são: Negócios, gestão e direito (31.99%), educação (25.20%) e Saúde e bem-estar (18.31).
Já os homens… Negócios, gestão e direito (35.80%), STEMs (28.60%) e Engenharia (19.29%)
- Acerca do tema da família, cuidados e saúde
Em Portugal, a idade média para a primeira maternidade é de 30.9 anos. A média de filhos por mulher é de 1.29 e o tempo de licença maternidade tem duração média de 30 semanas, enquanto a licença paternidade média é de 22.29 semanas.
No Brasil, a idade média para a primeira maternidade é de 27.1 anos. A média de filhos por mulher é de 1.74 e não houve dados referentes às licenças maternidade e paternidade incluídas no relatório.
A prevalência de violência de gênero em Portugal é de 19% e no Brasil de 33.5%.

Gislene Feiten Haubrich é Doutora e Mestre em Processos e Manifestações Culturais. Dedica suas investigações aos estudos comunicacionais no contexto das organizações sob os enfoques da Ergologia, das teorias Bakhtiniana e Discursiva. Fale com: gislene@coffeeandwork.net.